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A História dos Dez Tolos

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 11 de mar.
  • 2 min de leitura

O conto dos dez tolos que atravessaram o rio é uma famosa parábola da tradição Advaita Vedanta, usada para ilustrar a ignorância (avidya) e a realização do conhecimento (jnana).

A História dos Dez Tolos

Um grupo de dez homens estava viajando quando chegaram à margem de um rio. Para continuar o caminho, precisavam atravessá-lo. Como a correnteza era forte, ficaram preocupados com a segurança do grupo.

Depois de atravessar, um dos homens decidiu contar o grupo para garantir que todos haviam chegado em segurança. Ele contou os companheiros, mas só encontrou nove — esqueceu de contar a si mesmo!

Assustado, cada um dos outros tentou contar, mas sempre chegavam ao mesmo resultado: nove. Concluíram que um deles havia se afogado e começaram a lamentar a perda do "companheiro desaparecido".

Um sábio que passava por ali percebeu a situação e perguntou o que havia acontecido. Após ouvir a história, ele sorriu e disse:

“O décimo homem não está perdido.”

Então, pediu que cada um contasse novamente, mas dessa vez batendo no próprio peito ao final. Quando o último fez isso, percebeu que ele mesmo era o décimo homem. De repente, o pesar deu lugar à alegria — ninguém havia se perdido!

O Significado na Filosofia Advaita

  • O erro dos dez viajantes representa a ignorância (avidya) que nos faz acreditar que estamos separados da Verdade.

  • A busca pelo décimo homem simboliza nossa busca espiritual, na qual tentamos encontrar a realização fora de nós mesmos.

  • O sábio representa o Guru, aquele que guia o discípulo para perceber a verdade por si mesmo.

  • O momento da descoberta simboliza Brahma Jnana – a realização de que nunca estivemos separados de Brahman.

Essa parábola ensina que a libertação (Moksha) não é algo a ser adquirido, pois nunca fomos realmente ignorantes – apenas esquecemos nossa verdadeira natureza.

Brahma Jnana (Brahma Gyan) refere-se à realização ou conhecimento direto de Brahman, a realidade última na filosofia hindu, especialmente no Advaita Vedanta. É a mais elevada forma de sabedoria espiritual, na qual o indivíduo percebe que seu verdadeiro eu (Atman) é idêntico a Brahman, transcendendo todas as ilusões (Maya) e a dualidade.

Principais Aspectos do Brahma Jnana:

Realização da Não-Dualidade (Advaita): A compreensão de que não há separação entre o eu individual (Jiva) e a Consciência Suprema (Brahman).

Libertação da Ignorância (Avidya): A remoção da ignorância, que leva a pessoa a se identificar com o corpo, a mente e o ego, em vez do eu eterno e imutável.

Libertação (Moksha): Alcançar Brahma Jnana conduz à libertação do ciclo de nascimento e morte (Samsara).

Além do Conhecimento Intelectual: Brahma Jnana não é apenas conhecimento teórico, mas uma realização experiencial direta, sendo considerado além das palavras e do pensamento.

Caminho para a Realização: Geralmente buscado através do Jnana Yoga (o caminho do conhecimento), meditação, autoindagação ("Quem sou eu?") e orientação de um Guru.

Referências Escriturais:

  • Upanishads: Ensinam que "Aham Brahmasmi" (Eu sou Brahman) e "Tat Tvam Asi" (Tu és Isso) apontam para Brahma Jnana.

  • Bhagavad Gita (Capítulos 2, 13, 18): Explica a natureza do eu e como o conhecimento leva à libertação.

  • Advaita Vedanta de Adi Shankaracharya: Destaca que Brahma Jnana é o único meio para Moksha.


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